8 de novembro de 2010

Metamorfose

"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo! ♫..."
Raul Seixas
 

Era para ser apenas mais uma figurinha em meu álbum de relacionamentos vazios, mas vieste para desestruturar o meu sistema. Já tinha desistido de ser humana, há algum tempo. Passei a ter pensamentos racionais e atos robóticos, pois notei que seres emotivos demais ficam muito expostos à lesões de todas as partes, foi aí que decidi me camuflar. Tornei-me uma camaleoa com armadura de ferro.
Sua atenção exagerada, doada, que nada cobrava além de aceitação, teu carinho cativante, agiu como ácido corroendo a minha armadura. Derreti aos poucos.
O membro que muitos chamam de coração, mas que há bastante tempo estava petrificado/congelado no meu peito, fora aquecido com o calor do teu corpo e voltara aos poucos a bombear sangue para a minha estrutura de lata, foi então que percebi a mutação que acontecia em meu organismo, estava voltando a ser humana.
[Desespero]
Ser humana dói, amedronta, tentei isso antes e não obtive muito sucesso, pior que humana, eu era menina, uma menina ingênua, que perdera um grande amor para si mesma.  Ser ingênua nesse mundo de  gigantes é pedir para sofrer, apanhar e desconhecer o motivo real, por isso desisti dessa experiência.
Comecei a ter insônia, e quanto mais o pavor se expandia em meu sistema, mais tais sentimentos surgiam, mas espera aí, robôs não são programados para sentirem emoções!
DROGAAA! [Pânico]
Agora já não tinha mais jeito, a mutação acontecera, tornei-me humana.
Não foi um grande amor, nem mesmo uma grande paixão, afinal, quando nos envolvemos, eu ainda era de ”ferro”, uma máquina programada apenas para ser gentil e não amorosa, contudo foi o responsável por minha, então, metamorfose.
Graças ao seu jeito ímpar, recuperei sentimentos perdidos, meus poros voltaram a transpirar suor. Antes minh’alma era tão fria que meus abraços não eram capazes de aquecer outro humano e agora passara a ser tão quente que sente carência de alguém para afagar.
Não é fácil viver cercada de sentimentos e atos humanos, não é fácil ser humana!
A armadura metálica proporcionava esquecer os medos e era tão mais simples dizer não e mais simples ainda adeus.
Quanto ao NÃO, ah, esse, ainda, consigo deferir a outro humano sem me punir depois, agora o ADEUS, engasga de tal forma na goela, que depois de ingerir água com açúcar, para tentar amenizar a secura que o ADEUS me causa na boca, acalmar as pernas que ficam bambas e o coração acelerado, meus olhos passam a expulsar essa água do organismo, só que agora elas escorrem salgadas entre meus lábios! 

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