29 de novembro de 2010

Por enquanto adeus



Aquele olhar tímido, sorriso sincero e gestos ingênuos cativaram-me, foi instantâneo.
Não planejei seduzi-lo, é bem verdade que usei de artifícios ancestrais femininos para conquistá-lo, mas por interesse puro nada carregado de maldade, não me julgue maquiavélica, a paixão é uma droga de efeitos alucinógenos intensos, porém ligeiros, comigo não foi diferente, lamento que no teu caso tenha causado dependência, conseqüências sérias e evoluído para amor.
Foste à paixão mais inocente que já experimentei uma mistura de amizade e troca de caricias, tentei ajudá-lo a crescer compartilhando contigo minhas poucas experiências e pensamentos e tu humildemente aceitava-os e amansava meu coração que estava a viver uma tempestade de emoções.
Fizeste-me juras de amor, não sei se recordas, mas sempre me calei diante de tuas palavras transparentes, não podia te prometer nada, desde o inicio eu sabia que essa paixão não poderia vingar, desculpa se te fiz acreditar o contrário, é talvez possa mesmo julgar-me maquiavélica, sei que é contraditório dizer que partir seu coração não era um caso pensado, acontece que eu estava ferida, submergida por um rio de mágoas e melancolias, foste uma pomada cicatrizante de ação imediata em minha auto-estima, como poderia recusar tal ajuda, era mais forte que eu, pareço egoísta, eu sei, entendo sua ira, por isso não contrário.
Se ainda posso pedir algo a você... Peço que aprenda a viver com minha ausência, sei bem como é conviver cercada de saudade e recordações. E se é realmente tão difícil me esquecer pare de tentar apagar minha existência de sua vida, apenas aprenda a lidar com essa distancia.
Jamais negarei a saudade de seu olhar simplório, mas nada posso oferecer-lhe, neste momento, além de minha gratidão e torcida por suas conquistas.
PS. A Cássia Eller traduz tudo isso em uma canção "Mudaram as estações".
Ouça, lembre de nós.

26 de novembro de 2010

Olhares seus, meus, NOSSOS

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara! José Saramago


Seus olhares sacanas me constrangem. É bem verdade que só eu os percebo, sendo assim, subentende-se que sejam discretos, é, são discretos sim, mas tu és capaz de despir-me com um mero olhar.
Talvez seja o fato de ninguém notá-los que mais me constranja, pois isso indaga a hipótese de não passar de uma fantasia de minha mente maldosa, pior ainda, caso seja mesmo uma fantasia significa que o desejo de ter esses olhares sacanas é meu.
Não, não pode ser uma fantasia singular, um desejo ímpar, ora essa! Sei que é um desejo nosso, tu o despertaste em mim, não fujas dessa responsabilidade, se é pecado, então fora um pecado cometido em parceria, onde as conseqüências serão dividas ao meio.
Não serei hipócrita a ponto de dizer que não gosto [de seus olhares], mas jamais os esperei, o porquê eu não sei ao certo, talvez por julgar nossa relação inocente demais, calma, nossa relação ainda é inocente, afinal compartilhamos olhares secretos carregados de desejo, timidez e sentimento [talvez]. 

25 de novembro de 2010

Ele Robô



Desafiei os religiosos, quebrei tabus conservadores, aderi ao mundo da tecnologia, aboli certos conceitos [meus], ultrapassei as barreiras do certo e errado e criei você.
A priori tu eras apenas mais um de meus caprichos.
Naquele sábado agitado, perdido no meio de uma multidão eufórica, que consumia álcool em excesso em plena cidade pacata interiorana, vi os seus olhos de lata, um tanto mecânicos, sim, mas algo chamou atenção, sua estrutura, desgastada ou talvez desatualizada, agia como imã despertando meus desejos de tê-lo como meu.
Me aproximei aos poucos para não assustá-lo e por segurança também, afinal ainda não sabia quais programas predominavam em seu cérebro robótico, mas não tive trabalho, tu eras um robozinho dócil e foi mais fácil ainda torna-se tua dona.
Não demorou, para que eu o transformasse. Mudei seu design, desinstalei programas que o tornavam agressivo, acomodado e dependente de humanos.  Foram longos dois anos de cálculos, noites em claro na sua lataria. Tudo sempre metricamente pensado para que tu, enfim, virasse uma máquina respeitada, como dizem por aí “uma máquina potente”.
E não é que consegui! Estavas ali prontinho na minha frente, tive orgulho de mim, há pouco tempo havia tentado isso e não obtive êxito, mas dessa vez era diferente. Nada mais precisava ser ajustado, nem mesmo um parafuso. Chamei-o de “Obra prima NININO I”, que prepotência minha achar ter criado uma perfeição!
Foi quando tu me mostraste que mesmo sendo de lata existia perspicácia no teu sistema, ora essa! Eu programei-o para ser independente e agora via colocares em prática todos os programas instalados em tua memória artificial, porém funcional.
Hoje essa tua liberdade toda me incomoda, egoísmo talvez, o fato é que antes de meus ajustes eras apenas mais um robô perdido entre tantos outros, eu te recriei, tornei-o uma máquina cobiçada e potente.
Tão potente a ponto de o criador [eu] perder o controle da criação [tu].
Aprendeste a ter vida própria, mas antes sequer tinhas vida!
Foi uma criação tão amada que o deixei partir sem contestar, ao menos, uma franquia. De recordação guardei teu manual de instruções.
Os mesmo ventos que levaram a lataria para longe de seu criador, ou vice-versa, talvez o tragam de volta, ou não.

11 de novembro de 2010

Medo


É um sentimento que corrói a alma, acelera as batidas cardíacas, estimula as tremedeiras, e angustia os instintos.
É visita constante em momentos tensos, decisivos, crucias.
Vêm para pôr a prova suas crenças, suas verdades e para fortalecer suas dúvidas, é um dos melhores amigos da insônia, andam sempre lado a lado, é o que difere sua vida em viver ou sobreviver.
Sentimento que tanto confunde, faz sofrer, te isola, te assola...
É bem verdade que desde cedo o carregamos, talvez seja até uma defesa do inconsciente, uma forma de frear nossa ousadia exagerada, contudo deve ser dosado.
Uma overdose de MEDO pode destruir um momento, uma história, e até mesmo uma vida!
Se for solicitado em grandes quantidades o medo se torna um ladrão que nos faz temer o amanhã, enquanto nos rouba o hoje!

8 de novembro de 2010

Metamorfose

"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo! ♫..."
Raul Seixas
 

Era para ser apenas mais uma figurinha em meu álbum de relacionamentos vazios, mas vieste para desestruturar o meu sistema. Já tinha desistido de ser humana, há algum tempo. Passei a ter pensamentos racionais e atos robóticos, pois notei que seres emotivos demais ficam muito expostos à lesões de todas as partes, foi aí que decidi me camuflar. Tornei-me uma camaleoa com armadura de ferro.
Sua atenção exagerada, doada, que nada cobrava além de aceitação, teu carinho cativante, agiu como ácido corroendo a minha armadura. Derreti aos poucos.
O membro que muitos chamam de coração, mas que há bastante tempo estava petrificado/congelado no meu peito, fora aquecido com o calor do teu corpo e voltara aos poucos a bombear sangue para a minha estrutura de lata, foi então que percebi a mutação que acontecia em meu organismo, estava voltando a ser humana.
[Desespero]
Ser humana dói, amedronta, tentei isso antes e não obtive muito sucesso, pior que humana, eu era menina, uma menina ingênua, que perdera um grande amor para si mesma.  Ser ingênua nesse mundo de  gigantes é pedir para sofrer, apanhar e desconhecer o motivo real, por isso desisti dessa experiência.
Comecei a ter insônia, e quanto mais o pavor se expandia em meu sistema, mais tais sentimentos surgiam, mas espera aí, robôs não são programados para sentirem emoções!
DROGAAA! [Pânico]
Agora já não tinha mais jeito, a mutação acontecera, tornei-me humana.
Não foi um grande amor, nem mesmo uma grande paixão, afinal, quando nos envolvemos, eu ainda era de ”ferro”, uma máquina programada apenas para ser gentil e não amorosa, contudo foi o responsável por minha, então, metamorfose.
Graças ao seu jeito ímpar, recuperei sentimentos perdidos, meus poros voltaram a transpirar suor. Antes minh’alma era tão fria que meus abraços não eram capazes de aquecer outro humano e agora passara a ser tão quente que sente carência de alguém para afagar.
Não é fácil viver cercada de sentimentos e atos humanos, não é fácil ser humana!
A armadura metálica proporcionava esquecer os medos e era tão mais simples dizer não e mais simples ainda adeus.
Quanto ao NÃO, ah, esse, ainda, consigo deferir a outro humano sem me punir depois, agora o ADEUS, engasga de tal forma na goela, que depois de ingerir água com açúcar, para tentar amenizar a secura que o ADEUS me causa na boca, acalmar as pernas que ficam bambas e o coração acelerado, meus olhos passam a expulsar essa água do organismo, só que agora elas escorrem salgadas entre meus lábios! 

7 de novembro de 2010

Lágrimas


As lágrimas escorrem mornas, por nosso rosto, para nos aquecer e confortar de que nem tudo é, sempre, tão frio assim! 

4 de novembro de 2010

O amor não precisa, nem deve ser cego!

"Amor não é se envolver com uma pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser."
Autor Desconhecido
Essa história de que amor é cego é uma cilada, cuidado!
Calma, eu não quero dizer que temos que amar os “lindos” [apesar de que isso não é sacrifício algum, brincadeirinha]! Acontece que tapar os olhos para o caráter alheio é tolice, e das brabas.
Tudo bem, não existe essa de pessoa perfeita, sem defeitos, incorruptíveis [como diz meu velho e sábio pai: “O que porrada e dinheiro não resolverem é porque foi pouco!”], boazinhas ao extremo, até porque se existisse não nos fascinaria, é fato que os humanos gostam de uma boa dose de sacanagem [no sentido moral da palavra, se é que existe]. Agora o que não dá é para ignorar atos [sempre] desonestos, o passado misterioso [demais], os relacionamentos [quase todos senão todos] conturbados, do (a) cidadão (ã).
Ok, ok, não precisa me bater, já entendi, sei que ninguém quer se envolver com um (a) detetive, não é preciso especular a vida intima, a fundo, do (a) seu (a) parceiro (a), mas um pouquinho de cautela, ao se entregar totalmente para alguém que a pouco não representava nada mais que um estranho em sua vida, não faz mal e conserva os dentes, literalmente [risos].
Vamos trazer isso para a vida real:
“A moça conhece o carinha na balada [conhece, significa olhar e trocar no máximo um OI], flertam se olham e beijam! Naquele tuuntis tunstins turuntis..., amigo (a), não se ouve nada, portanto não espere um papo casual quanto mais um papo intelectual do casal, o que rola é pura atração ou álcool demais ingerido por ambos. Eles saem da baladinha, e adivinha para onde o Carinha leva a moça?!
BINGO!
Para o motel,  isso quando ele não resolve economizar uma grana e tenta algo no carro ou no seu matadouro oficial [quarto], transam e no outro dia normalmente o cara não liga, mas existem os cafajestes que adotam a seguinte filosofia de vida, “quem não da assistência abre para concorrência”, e costumam, sim, ligar para a presa da noite anterior. A jovem se deixa seduzir pelas belezas do rapaz, sejam elas materiais, físicas, ou sei lá mais o que... e só depois de muito levar na cara percebe que não fora a única a receber as ligações de seu amado, ou pior, vai ter a infelicidade de saber que suas peripécias sexuais compartilhada com o então amado eram sempre a piada da semana entre os amiguinhos do cara, e se cair na besteira de reclamar, alterar o tom de voz para cobrar uma explicação corre o risco de levar uns catiripapos”
Outro caso comum:
“O cidadão vê aquela beldade na academia, sua frio, a voz fica tremula, afinal aquela deusa lhe ofereceu um sorriso, e que sorriso! Certo dia a encontra em um barzinho na companhia de amigas, ela sempre está na Night, linda com aquele vestidinho colado, batom vermelho, se aproxima da deusa que retribui seus olhares, "Com essa eu caso!", pensa ele, depois de um papo sacana rola o tão esperado beijo, lógico que não ia deixar de exibir seu troféu aos amigos e a apresenta como sua acompanhante [namorada], não demora até que o amor brote na vida daquele cidadão...”
Pura cegueira! Em ambos os casos vemos como os humanos se deixam corromper pelas aparecias. Só existem dois motivos lógicos para a menina beijar o rapaz [não acredito em amor relâmpago], ele ser bonito a seu ver ou ser rico, não sejamos hipócritas, naquele tuntins turuntis não da para julgar alguém inteligente, não tem como ouvir a pessoa! Já o cidadão da academia excitou-se ao olhar para as coxas grossas, seios fartos e rostinho angelical da morena linda. Em momento algum pararam para pensar se valia a pena prolongar aquela relação, afinal poderia ficar só naquilo mesmo, coisa de uma noite e nada mais, mas como o estereótipo das presas lhes fascinaram então decidiram que nada mais importava, afinal sempre acreditamos que com o tempo o ser amado [parceiro] muda,  estupidez das grandes, ninguém nunca muda por ninguém e se comete essa insanidade é porque não possui personalidade ou existem terceiras intenções [maldosas] atrás disso.
Amar é lindo e até rejuvenesce!
Não hesite em amar, caso encontre uma paixão. Mas não precisa de pressa, a vida é curta sim, mas o amor faz o tempo congelar, apesar do calor que nos aquece alma. Tenha paciência, conheça as imperfeições de seu (a) parceiro (o) e se apaixonará mais ainda, lógico, sem usar a famosa venda nos olhos que os enamorados inconseqüentes costumam usufruir. 

3 de novembro de 2010

Infância

Sou uma mulher madura, que as vezes brinca de balanço; sou uma criança insegura que as vezes anda de salto alto! Martha Medeiros

Se pudéssemos ter uma visão, quando crianças, de como é a Adultolândia, nem que fosse uma ceninha de 30seg, jamais almejaríamos com tanto entusiasmos nos tornarmos adultos.
São gargalhadas ingênuas, gestos cativantes, lágrimas sem mágoas e estonteantes sonhos.
Aaah, a infância, que saudade traz!
Àquela menininha que antes corria trajando apenas uma calcinha pelas ruas feitas de tijolos, aos berros, com os cabelos penteados pelo vento e um sorriso aberto, marcado pela falta de dentes, que nada mais fazia da vida senão brincar com seus coleguinhas e compartilhar as manhãs com a tia [professora] que lhe proporcionava viajar, através de sua mente fértil, para novos mundos, hoje acorda cedo, prende os cabelos [que assim como os seus sonhos já não são mais tão puros] e vai trabalhar.
Ela tenta, muitas vezes, voltar à sua infância, de alguma forma reviver aquele paraíso, mas quando vai além de suas limitações é freada pela dura realidade que lhe trás de volta para a Adultolândia, jogando em seu colo o fardo pesado das responsabilidades adultas.
Aaah, a infância, que saudade traz! 

Nua


E lá se vai mais uma noite fria e solitária...
O sol já vem raiando e aqui, em minha cama que agora parece ser tão grande sem a presença do teu corpo, permaneço a sentir a sua ausência e sonhar com teus abraços, quem sabe um dia eles não resolvem voltar para os meus braços, que ainda são tão seus...
Não penses que minhas noites são solitárias porque opto pelo isolamento, não!
Ainda ontem estive na presença de amigos e nem por isso deixei de estar sozinha!
É algo que vai além de uma simples presença; é uma lacuna que insiste em ser preenchida com o teu nome; é uma certeza que acusa que, ao contrario das minhas, as tuas noites tem sido bem calorosas, pois a minha ausência já não te faz falta; é uma dor que agride e fere meus princípios.
Esqueceste de avisar que tu és um grão de poeira que se perde com facilidade nos ventos do destino. Ainda não aprendi a adormecer sem a lembrança do teu sorriso e o doce sabor de teus beijos.
Sinto um frio, mas esse frio não é aquele que arrepia meus poros, não! É um frio que está prestes a congelar minha alma, vários foram os cobertores que usei para substituir o calor do teu corpo e não obtive êxito.
Não posso, nem tenho coragem para isso, pedir que tu voltes, mas confesso que por mim tu não terias sequer partido!
Sei que já não existe o “nós” e sim você, sua vida, eu e minha vida.
De quem foram os erros?
Não sei! Horas acuso a mim e a meu temperamento difícil, horas acuso você e seu orgulho banal e às vezes ouso acusar o destino [algo que jamais acreditei existir].
Levaste contigo um pedacinho de mim, preciso que devolvas meu coração, pois muitas são as acusações de frieza, às vezes tachada de “coração de pedra” ou “sem coração", acontece que de fato não o tenho mais, a pressa com que nos despedimos fez com que eu se esquecesse de guardá-lo de volta em meu peito. Não sejas egoísta, devolva-o, afinal ele já não te tens mais serventia mesmo!
Sei que deves está achando estranho eu admitir minhas fraquezas, acontece que acordei despida de orgulho, hoje minhas vestes são apenas o manto transparente da saudade.