22 de outubro de 2010

Amor ou Posse?



Uma amiga comentou certa vez sobre sua vida amorosa... Em seus relatos ressaltava o amor que sentia por um de seus ex-namorados e que sempre que ambos se encontravam, por ironia ou não do destino, trocavam caricias, faziam o famoso “flashBack”.No inicio da conversa eu percebia claramente o sorriso em seus olhos, mas no desenrolar do papo a sua expressão facial ia mudando, oscilava em risos (com uma pitada de saliência) e olhares perdidos (carregados de magoas e arrependimentos).
Explicava-me que no inicio os flashBacks eram maravilhosos, pois segundo o que falava existia amor, não era apenas uma transa, mas a junção de corpos que foram separados pela distancia e isso era magnífico, contudo com o passar dos anos passaram a ser mecânicos, robóticos...etc. E que no final da noite o sentimento que a possuía já não era mais de contentamento por saciar uma saudade e sim de arrependimento por transar com alguém que já não se importava mais em saber como ela estava, o que lhe afligia ou quão grande era a falta que sentira dele, afinal se encontravam esporadicamente 2 ou 3 vezes ao ano.
Foi aí que a moça começara a perceber que aquele ser adormecido ali despido de trajes já não era mais o seu “narigudo” e nem ela a sua “galega” (apelidos cafonas que os enamorados costumam titular-se), e isso lhe incomodava!
Aquele homem deitado ao seu lado mais parecia um estranho do que o seu ex-amor lembrado com satisfação tantas vezes por essa mulher.
Em momento algum eu me metia na conversa, gostava de ouvi-la, suas palavras exalavam sentimentos e isso sempre me fascinou!
Falou por vários minutos e no fim fez-me aquela pergunta crucial que, particularmente, não gosto (pois sou forçada a dizer o algo que a conforte e o que penso talvez fizesse o inverso): - O que achas disso e se fosses contigo como agirias?
Putz! (grito por dentro) começo a gaguejar: - Ah, é que... (olho o celular e peço a Deus que ele toque, mas ele não toca)...bem... (uma pausa breve para tomar fôlego). E então esse lance de amor é complicado, amiga! (enfim consigo formular uma frase). A frase mais inadequada para usar nessas conversas, pois a pessoas começa a se achar um nada e retruca.
- Eu sei que sou a burra dessa história, que ele não me promete nada e que se existe ilusão é culpa minha... e blá blá blá
A verdade é que nem a estou mais ouvindo, até ouço os ruídos de suas palavras, mas estou entretida com o meu pensamento.
O ser humano opta em reviver o passado, pois tem uma dificuldade exorbitante de se desapegar as pessoas, o sentimento de posse sempre prevalece, talvez nem existisse mais amor por esse tal ex, sentir saudade não significa amar! Amor é outra coisa bem mais legal! Saudade é a certeza de que o passado valeu à pena e só.
A verdade é que essa amiga não sabia lidar com a solidão como acreditava, convenhamos que a solidão seja algo difícil para os humanos, somos muito dependentes de alguém, dependentes de uma “certeza’’, ou pelo menos uma dúvida, de sermos amados por outra pessoa que não seja nosso parente e nem amigo!
Quanto ao fato de não existir mais “amor” na transa deles, isso é balela, pois algumas vezes a moça fizera sexo casual e me confessado gostar bastante da experiência (só para ressaltar, não acredito em amor a primeira vista) .
O problema real era que quando eles transavam o olhar do seu parceiro entregava que na verdade o seu pensamento perambulava longe e que assim como o seu pensamento o coração também não estava ali presente.
O sentimento de perda era o que a incomodava de fato, mas não pensem que humanos sentem-se assim por perder um amor! Não!
Era por alguém ter-lhe “tomado o posto, o qual tanto tempo ocupou no coração daquele cidadão”, percebera não ser mais o centro das atenções e desconfiava que a partir de agora ele já não seria disponível quando ela brigasse com algum namorado, quando se sentisse carente ou mesmo quando quisesse diversificar o cardápio (é, não estranhem, mulheres também gostam de experimentar mais de um prato, apesar de que nesse caso é prato repetido). O que lhe atormentava era a idéia de não ter alguém para se vangloriar dizendo as amigas: "Ah, fulano me ama!" Ou: "Cicrano basta eu estalar os dedos que ele vem!"
Traduzindo, isso é puro egoísmo.
Quem pensa que o egoísta não se importa com nada está muito enganado, pelo contrario para o egoísta tudo tem importância, não abre mão de nada por isso ele é egoísta, quer tudo mesmo sabendo que o “tudo” já não lhe faz falta!
De repente sou interrompida do papo que estava a ter comigo mesma ou como diz meu sobrinho com os meus amiguinhos imaginários. E trazida de volta para a conversa com minha amiga por uma batidinha dela no meu ombro dizendo: - Não é mesmo!?
Putz! (de novo)
Respondo: - Ah, é que...Bem...E então esse lance de amor é complicado, amiga! E antes que ela fale mais, complemento: - E se arrume logo que já estamos atrasadas, esse papo é adequado para uma mesa de bar (risos) e nada de celular, até porque você já sabe né!?... Celular de bêbado é uma arma!
Saímos, bebemos, dançamos, rimos, namoramos, mas quando a moça chegou em casa, rum,  lá estava seu celular, as horas de abstinências de seu aparelhinho perigoso lhe causaram agora uma vontade louca de usá-lo.
Avançou com uma voracidade para pega-lo que nem tive coragem de dizer não use essa droga, simplesmente pedi que se dirigisse para a sala ou cozinha caso fosse consumir sua droga (fazer ligações), pois o álcool misturado com o cansaço de uma noite agitada me deixa sempre muito sonolenta.
Minha noite acabou aí!
E ela?
Ah, deu a desculpa de ir beber água e passou horas no celular, mas isso é outra história!

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